sexta-feira, 26 de novembro de 2010

[REPORTAGENS] Garças são vítimas da população



Por Joab Ferreira

         Com seu jeito desengonçado e seu barulho quase insuportável, as garças fazem a festa nesta época do ano. A maioria das árvores de grande porte fica repleta dessas aves brancas. De longe a cena pode até parecer bonita, no entanto, de perto não é tão bom assim, que o diga quem já levou um “banho” quente e fedorento delas na cabeça quando passava por debaixo dos poleiros.
Esses animais sempre deixam um rastro bem grande por onde passam. O chão fica completamente branco proporcionando um cheiro nada agradável para quem estiver por perto. Quando estão no período de procriação as coisas se complicam ainda mais. O número de filhotes que caem dos ninhos é surpreendente. Todos os dias 1 ou 2 de cada árvore despencam, a maioria, morrendo instantaneamente ao tocar o solo. O que promove uma mistura muito atraente aos urubus de plantão.
A Casmerodius albus ou Garça – Branca – Grande, como é conhecida popularmente, é uma ave graúda, podendo chegar aos 80 cm de comprimento. Esse animal possui o bico de cor amarelada, pernas pretas longas e finas e plumagem branca. No ato de voar, o pescoço é encolhido e as pernas esticadas.
Ela é encontrada em rios, lagos e até mesmo em alagados que possuem peixes. Quando está pescando apresenta um aspecto solitário. A garça anda lentamente pelas águas rasas ou fica estática esperando o momento ideal para dar o bote em sua vítima. Seus alimentos preferidos são peixes, anfíbios, répteis e invertebrados.
No período que vai de julho a dezembro podem ser observados vários ninhos em cima das árvores. Na época de reprodução surgem nas costas das garças penas que se arrepiam durante a dança nupcial. No final dessa época, as penas são substituídas.
As garças voam em um grande bando procurando lugares ideais para que seus ovos possam ser botados. Quando confeccionados os ninhos, de 3 a 7 ovos azuis - esverdeados são postos. O tempo de incubação é de aproximadamente 25 dias.
Problemas - Por culpa da sociedade não ter uma consciência ambiental mais esclarecida, freqüentemente as garças são vítimas de ações humanas. A analista ambiental do Ibama, Ana Melo, explica que é grande o número de garças que morrem por conta da irresponsabilidade de algumas pessoas. “A gente recebe muitos desses animais aquáticos balados. As crianças e adolescentes machucam essas aves que são muito fracas e não resistem”, diz.
Outros problemas também podem causar transtornos às garças. Linhas de pipa e de pesca causam dilacerações e fraturas nessas aves. Quando não morrem pelo ferimento, falecem pelo estresse ou por fome, já que as linhas se enroscam fácil na vegetação e as garças não conseguem retira-las.
Também existe o fato de pessoas se incomodarem com a enorme quantidade desses animais perto de suas casas e acabam derrubando as árvores em que centenas de garças morrem. Mesmo quando o animal se recupera dos ferimentos a chance de que tenha uma vida normal é quase nula. “Se tivermos que criá-los em cativeiro é muito difícil que sobreviva”, fala a analista ambiental do Ibama.
Ana Melo alerta a população para que tenha mais cuidado com esses e outros animais. “Corujas e gaviões freqüentemente também são feridos porque a população não tem paciência para lidar com essas aves”, declara.
Existe punição para quem cometer algum crime ambiental, mas sempre é difícil encontrar os responsáveis. As denúncias só aparecem quando os animais já estão feridos e não tem como descobrir os culpados.

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