Por Val Araújo
São Braz está situado às margens da rodovia Everaldo Martins, região do eixo forte, a cerca de 30 minutos de Santarém. A população da comunidade é de 3.300 pessoas.
A fundação aconteceu em 1933, pelo Padre Francisco João Maia, em uma viagem de visita ao lugar Sagrado Coração Jesus, localizado às margens do Igarapé-Açu.
A vila começou com as famílias existentes nas proximidades do Igarapé, que para sobreviver, desenvolviam roçado. Os moradores, em seguida, se unem e constroem um barracão que serviu de escola e igreja, denominada Trans-Chagas.
Os comunitários dessa localidade visam à tranquilidade e o desenvolvimento sustentável. Por meio da educação ambiental, procuram sempre estar organizados e unidos em pró do bem estar coletivo.
A economia de São Braz é baseada no comércio dos produtos locais, como a paçoca, cupuaçu, macaxeira, farinha, tucupi, derivados do milho e frutas. São esses produtos que ajudam na renda dos moradores.
Mas essas vendas não são suficientes para atender todas as necessidades de todas as famílias. Outro recurso são os trabalhos de mão-de-obra, como a de doméstica, pedreiro, carpinteiro e artesanato.
Depois do barracão construído em 1934, a escola oficial foi chamada de Escola Municipal Mista de Igarapé-Açu. Sua primeira instalação era formada por ripas e coberta com telhas de barro.
Já em 1954 mudaram o nome da escola para Grupo Escolar Boaventura Queiroz, que funcionou até 1955, quando construíram a atual. O grau de instrução era de 1º a 3º série. Mais transformações se passaram em torno de 1975, com a construção de quatro salas e um quarto para abrigar os professores, passando a atender até a 5º série. E posteriormente até a 8º.
Isso facilitou a vida daquelas pessoas que queriam terminar o 1º grau. Hoje a escola possui 8 salas de aula, uma de vídeo, barracão, biblioteca, informática, quadra de esporte e várias paioscas no decorrer da escola que facilitam o estudos dos alunos.
A escola é composta por 65 funcionários e cerca de mil alunos.
Os alunos de outras comunidades (Irurama, Vila Nova, Jatobá, Santa Rosa do Jatobá, São Pedro, Ponta de Pedra, São Raimundo, São Francisco do Carapanari e São Sebastião) são atendidos pela escola. Um dos métodos implantados é o do incentivo a participação e integração dos pais na escola, e para isso, são desenvolvidos vários projetos, como “Família na escola” e “Horta na escola” que visam à qualidade e desenvolvimento saudável dos alunos.
O que hoje a vila possui, em se tratando de saúde, começou em 1988 com o movimento de mulheres que reivindicavam para a área do Eixo Forte um setor de saúde atuante. E após a mobilização, a prefeitura construiu um posto que passou a fazer os atendimentos básicos (curativos, vacinas, etc.).
Atualmente o Centro conta com o atendimento de um médico, uma enfermeira, dois auxiliares e oito agentes de saúde. São realizadas pequenas cirurgias, além de aplicações de injeções, curativos e acompanhamento para grávidas e hipertensos.
A instalação física é de alvenaria, telhado de barro, piso de lajota, com banheiro e cozinha. Esse centro atende também comunidades vizinhas.
A região amazônica é rica em recursos naturais e os moradores de São Braz sabem utilizá-los. Através do artesanato, pinturas e danças demonstram suas raízes.
Uma das danças, “Cobra Coral”, acompanhada pelos instrumentos do tambor e marimba confeccionados pelos moradores, tem grande tradição. As roupas eram enfeitadas com material reciclável, como aquele velho brilho que tinha dentro das carteiras de cigarro, dava um efeito maravilhoso. Dançavam muitas danças de roda onde todos participavam.
Atualmente o folclore passou por mudanças, as danças são apresentadas por grupos e as roupas confeccionadas por empresas da cidade de Santarém.
Um dos costumes ainda mantidos é a culinária. No início, a comunidade vivia da caça, pesca e frutos. Alimentavam-se de tatu, paca, cotia, veado, etc. E tinham também as comidas alternativas que passaram a se expandir depois da redução das espécies. Um dos pratos mantidos até hoje é “Manicuera”. Ele é feito da mandioca, onde ela é ralada e se extrai o liquido. Deixa descansar por 3 horas, até sentar a tapioca. Depois ferve o tucupi por 5 horas e, quando ficar doce e de cor rosada, adiciona-se arroz conforme a quantia do tucupi. Deixe descansar o cará (branco ou roxo) e misture tudo. Quando tudo estiver cozido, está pronto.
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